quinta-feira, 28 de abril de 2011

Mais uma Noite



Sinto-te envolta na névoa dos sentidos. Sinto as cordas que amarram o teu desejo e que ferem o teu corpo emergente dessa tortura inacabada. Vejo os teus sonhos, de esperança e de liberdade, a fugirem da tua cama no silêncio da noite escondida e fria. Vejo o teu corpo, ardente, que repousa, desgastado, das batalhas evocadas contra ao vento, um vento que sopra de todas direções! Sinto o teu acordar, vejo esse sorriso por acontecer. Uma palavra pensada que nunca vais dizer e no espaço de um passo, deixas cair um bom dia.
Revigorada! Avanças para esse novo dia.
Nunca saberás que a noite foi tumultuosa, nem sentirás o esforço empregue nessa missão enjeitada de laços de desejo, é segredo. Só as paredes sabem, pintadas de um neutro sabor e nunca dirão as viagens que aconteceram,nunca, por outras cores que as pintes serão sempre mudas.
E o cansaço trai-te, empurra-te para mais uma noite longa. As paredes abrem-me um espaço para entrar em segredo. Fico só mais esta noite!

segunda-feira, 25 de abril de 2011

"...Tem vezes também em que oferto uma outra espécie de presente, que quem recebe jamais saberá que eu dei. Pode ser para alguém que eu sinta estar triste ou para alguém que eu perceba estar muito feliz, não importa. Não há lógica nem regra para ser seguida. Sem fazer ruído, a minha vida dirige para aquela pessoa a intenção de que a vida dela seja abençoada. Simples assim."
                                                                                       (Ana Jácomo)


 
“Sei que todos, algum dia, acordamos com a senhora desilusão sentada na beira da cama. Mas a gente vai à luta e inventa um novo sonho, uma esperança, mesmo recauchutada: vale tudo menos chorar tempo demais. Pois sempre há coisas boas para pensar. Algumas se realizam. Criança sabe disso.”

Lya Luft


domingo, 24 de abril de 2011

"Mas tudo que eu sentia era que algo me faltava" [...]
- Engenheiros do Hawaii
Alguma coisa me diz que coisas grandiosas estão por vir. Por isso abro meu coração pra alegria, pra vida e pro sol que acaricia e não machuca… E é nesse estado de gratidão e contentamento que qualquer pensamento negativo que eventualmente surja, morrerá de inanição.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Vim me Buscar

 
Eu vim aqui me buscar. E aqui parecia ser longe, muito longe do lugar onde eu estava, o medo costuma ver as distâncias com lente de aumento. Vim aqui me buscar porque a insatisfação me perguntava incontáveis vezes o que eu iria fazer para transformá-la e chegou um momento em que eu não consegui mais lhe dizer simplesmente que eu não sabia. Vim aqui me buscar porque cansei de fazer de conta que eu não tinha nenhuma responsabilidade com relação ao padrão repetitivo da maioria das circunstâncias difíceis que eu vivenciava. Vim aqui me buscar porque a vida se tornou tediosa demais. Opaca demais. Cansativa demais. Encolhida.

Vim aqui me buscar porque, para onde quer que eu olhasse, eu não me encontrava. Porque sentia uma saudade tão grande que chegava a doer e, embora persistisse em acreditar que ela reclamava de outras ausências, a verdade é que o tempo inteirinho ela falava da minha falta de mim. Vim aqui me buscar porque percebi que estava muito distante e que a prioridade era eu me trazer de volta. Isso, se quisesse experimentar contentamento. Se quisesse criar espaço, depois de tanto aperto. Se quisesse sentir o conforto bom da leveza, depois de tanto peso suportado. Se quisesse crescer no amor.
 
Vim aqui me buscar, com medo e coragem. Com toda a entrega que me era possível. Com a humildade de quem descobre se conhecer menos do que supunha e com o claro propósito de se conhecer mais. Vim aqui me buscar para varrer entulhos. Passar a limpo alguns rascunhos. Resgatar o viço do olhar. Trocar de bem com a vida. Rir com Deus, outra vez. Vim aqui me buscar para não me contentar com a mesmice. Para dizer minhas flores. Para não me surpreender ao me flagrar feliz. Para ser parecida comigo. Para me sentir em casa, de novo.
Vim aqui me buscar. Aqui, no meu coração.
Ana Jácomo....



 E a saudade?

'Da ultima vez que recebi uma visita estranha, era o senhor Passado batendo em minha porta para me arrancar algumas lágrimas. Mas hoje não, foi uma visita mais inesperada ainda. Ela chegou e me pegou de surpresa, eu não estava esperando por ela. Estava tranquilamente olhando algumas fotos antigas, de pessoas que não fazem mais parte da minha vida, quando ela me abraçou, tapou a minha boca para que eu não gritasse e começou a tagarelar. Disse que chamava-se Saudade, e que sabia que eu sempre a guardava em meu peito, só para mim, sem mostrá-la a ninguém, mas hoje ela precisou aparecer. Ela começou a me arrancar lágrimas seguidas de lágrimas, por dizer palavras tão sinceras e ao mesmo tempo tão intimas, palavras que só eu tinha acesso. Começou dizendo: “Eu sou aquilo que te dói quando você vê que de nada adianta chorar, as coisas não vão mudar. Eu sou aquilo que te faz sentir-se culpada por essas pessoas das fotografias não estarem mais ao seu lado. Eu sou aquilo, que faz com que sua cabeça doa, de tanto pensar nessas pessoas. Mas calma, eu não sou ruim, eu sou a Saudade, e eu sirvo para algumas coisas boas também”. Fiquei indiguinada com o que eu tinha acabado de ouvir, e a indaguei: “É mesmo, então para que serve?”. E ela com um semblante aparentemente feliz, me respondeu: “Sirvo para te mostrar que um dia você pode perder tudo que tem, e aí eu baterei a sua porta novamente. Sirvo para fazer com que você sinta dores, e consequentemente, dê valor as pessoas que estão à sua volta, com medo de que eu volte a te atormentar”. Ela disse isso e partiu, sem deixar rastros e nem se despediu, olhei em volta e não a encontrei, mas eu sabia que ela continuava presente em meu coração'.